A romã tem um significado especial para a Ordem Hospitaleira. É o símbolo de identificação desta, representa também a missão atribuída por Cristo a S. João de Deus. Está também associada à unidade, à família. Os seus grãos sendo diferentes entre si, representam os vários membros da família hospitaleira, que embora diferentes trabalham na e pela mesma missão.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!



Feliz Natal! Que o espírito hospitaleiro de S. João de Deus ilumine esta noite e te encha de caridade. Deixa espaço para ele entrar e permite que te modifique... Que esta noite se prolongue e seja continuidade na tua acção. Vem...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

S. João de Deus - continua...

Sim..., S. João de Deus, sem titulos e pobre!
Só por curiosidade, dizem alguns biógrafos que ele alugou um "curral de animais", para poder levar para lá os doentes da rua, porque não tinha outra possibilidade, quando começou a sua obra hospitaleira..., faz-nos lembrar Jesus, que também não teve lugar para nascer, a não ser junto aos animais..., de facto vidas simples e pobres podem ser ricas em Deus!
Que neste tempo de festas, aconteça NATAL nos nossos presépios (corações)! - (continua)

sábado, 3 de dezembro de 2011

João Cidade


João Cidade - Assim chamaram a um pobre pastor da zona circundante de Oropesa (Toledo), nascido em Portugal (em 1495), sem mais riquezas para além das suas mãos, sem mais cidade nem terra própria do que o mundo. Alistou-se por duas vezes nas tropas do rei espanhol, no entanto, não alcançou a glória da guerra convertida em triunfo. Foi pobre e pobre regressou, sem títulos, sem dinheiro. João Cidade , homem do mundo. Esta foi a sua primeira identidade... (Continua)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Pensamento para este tempo...


"Tende sempre caridade, porque onde não há caridade não há Deus, embora Ele esteja em todo o lugar" (S. João de Deus)
E eu tenho dado sinais da minha caridade? Este tempo que antecede o natal não deve ficar em vazio, em meias palavras, mas ser preenchido com caridade, com amor, experimenta, faz da tua vida dávida e saboreia como o vazio se preenche...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Oração

Ajuda-me Senhor a estar a tento à Tua voz, a escutar o Teu apelo, aceitar os Teus desafios, para ir respondendo com a minha vida à Tua chamada!

domingo, 13 de novembro de 2011

Oração do tempo


'Senhor, de todas as perguntas com que Tu me deixas, há uma que cresce dentro de mim: " que fazes do teu tempo?". Sabes, perco-me nas tarefas, nas voltas a dar, nesta e naquela responsabilidade, num imprevisto... e no meio disso tudo, confesso, o tempo da minha vida assemelha-se mais a uma fuga que a uma sementeira. Hoje queria pedir-te que me desses a sabedoria de viver e repartir o meu tempo. Ajuda-me a realizar o meu trabalho e o meu lazer, o meu esforço e a minha pausa como tempos de dávida e de encontro. Como tempos que não sejam apenas tempo, mas circulação de vida, de entusiasmo, de criação e de afecto.'
(in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Deambulações...


Hoje ao deambular pela nossa unidade de cuidados paliativos na Fundação de S. José, encontrei na capela um postal de S. João de Deus, com a figura aqui ao lado, e em cujo estava escrita a seguinte oração:

Senhor, o nosso familiar, o qual amas,
está doente. Toda a família
acompanha-o na doença e com ele sentimo-nos
doentes. Tem compaixão de nós Senhor,
e estende-nos a mão. Se for possível, que passe
por ele esta prova e mistério!
Em ti reside a nossa esperança.
Faz-nos sensíveis às necessidades do
nosso familiar doente e compreensivo
com as suas limitações.
Ajuda-nos a tornar mais leve a sua carga.
Dá-nos força a todos para cuidá-lo o tempo que precise...
Abençoa também, Senhor, o pessoal do hospital
que dele cuida. Senhor, aquele que amas está doente.
A tua família está cansada e um pouco doente também.
Faz com que a força não nos abandone, com que
a esperança e a serenidade que tanto necessitamos
esteja ao nosso lado...
Amén.

Enquanto lia a oração, sentei-me no silêncio da capela, os meus pensamentos estavam com todos os pacientes que naquela unidade deixavam passar o filme das suas vidas, esperando um final próximo, sofrendo e lutando, para que a chama não desapareça tão rápido! São muitas as incompreensões perante tal sofrimento, resta a esperança... Ao levantar-me, vi que por detrás de mim uma mãe segurando o mesmo postal que eu, chorava segurando a mão de alguém que impávido e sereno contemplava a imagem de S. João de Deus... Saí da capela e deixei que as minhas emoções se soltassem, chorei e logo de ti me lembrei, João Cidade...
No dia seguinte, rezamos por aquele que estava ao lado da sua mãe, já tinha partido deste mundo!!! Repouse agora ao Teu lado...
Ser hospitaleiro é tudo isto...

domingo, 6 de novembro de 2011

O Homem em busca de sentido


Acabo de ler um livro que me marcou, que me mostrou uma outra visão da nossa existência, do nosso ser, do nosso querer... Um livro, que nos ajuda na busca, na compreensão, no encontro comigo e com o outro! O livro tem como autor Viktor Frankl, psiquiatra, austríaco, judeu que viveu na pele o que é ser encarcerado num campo de concentração... Foi prisioneiro durante muito tempo, experimentou ele mesmo, no seu próprio ser, o que significa uma experiência desnuda. Como pode ele, que havia perdido tudo, que tinha visto como lhe retiravam tudo o que dá sentido à nossa existência humana, que passou fome, frio, brutalidades sem fim, que muitas vezes esteve perto da morte, como aceitou que a vida é digna de ser vivida?! É um autor que merece ser ouvido, pois ninguém mais que ele pode julgar a nossa condição humana de uma forma sábia. As palavras de Frankl elucidam e ajudam a contemplar como o homem possui a capacidade de se transcender, de ultrapassar as suas dificuldades e descobrir a Verdade!
É um livro que nos fornece as ferramentas para uma auto-análise, para nos identificarmos com o sofrimento de milhões de pessoas, num tempo não tão remoto, onde os escrupulos do homem parecem não ter barreiras, e onde Deus simplesmente não teve lugar...
Vale a pena!!!

Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz


Para nos acompanhar no dia de hoje...

Onde há ódio, que eu leve o Amor;
Onde há ofensa, que eu leve o Perdão;
Onde há discórdia, que eu leve a União;
Onde há dúvida, que eu leve a Fé.

Onde há erro, que eu leve a Verdade;
Onde há desespero, que eu leve a Esperança;
Onde há tristeza, que eu leve a Alegria;
Onde há trevas, que eu leve a Luz.

Oh Mestre, fazei que eu procure menos
Ser consolado que consolar;
Ser compreendido do que compreender,
Ser amado do que amar.

Porque é dando que se recebe;
É perdoando que se é perdoado;
É morrendo que se ressuscita
Para a Vida Eterna...

Bom Domingo!!!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

VOCAÇÃO

Abertura ao transcendente...
Escutar Deus que chama...
Discernir e responder...

Porquê eu?
Porquê agora?
De que forma, como, onde e quando posso ir respondendo ao chamamento de Deus...

sábado, 22 de outubro de 2011

descoberta...



Muitos jovens continuam à procura de sentido para as suas vidas! Vale a pena caminhar com eles nessa descoberta!

domingo, 16 de outubro de 2011

Mais importantes que os talentos são os dons


"No início deste dia, ajuda-nos, Senhor, a ver claro que o importante não é o que podemos oferecer aos outros, mas quem podemos ser para os outros. Que não nos ocultemos no cómodo casulo da indiferença ou da mera correcção. Nem nos esgotemos nos corredores desolados das pressões e da pressa. Que este dia traga a oportunidade de partilharmos o dom de nós próprios. Mais importantes que os talentos são os dons, porque por estes é que exprimimos a nossa condição de filhos bem-amados." (in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Noviciado de lingua portuguesa









Noviciado de língua portuguesa:

O noviciado de Língua Portuguesa foi criado a 08 de Março de 2009, com dois noviços brasileiros: João Paulo e Paulo Henrique. Atualmente, tem cinco noviços. Quatro noviços oriundos de Timor-Leste: Bonifácio e Elvis (2˚ ano), Bentolino e Vitorino (1˚ ano) e o José Inácio oriundo de Portugal. Tem como mestre o Padre José Gonçalves Lisboa e como Vice-mestre Frei Adriano Barbosa Moreira Duarte. Provisoriamente, e por tempo indeterminado, o noviciado da Língua Portuguesa está sendo realizado no Brasil até que haja uma estrutura adequada em Timor-Leste, para receber os noviços, pois, lá futuramente, será a residência fixa do noviciado da Língua Portuguesa.
O dia-a-dia dos noviços é basicamente: meditação, missa-laudes, café da manhã, estudo, apostolado, almoço, descanso, terço - vésperas, jantar, recreio comunitário e recolhimento.
Os principais conteúdos da formação do noviciado:
1. Aulas Internas:
Língua Portuguesa; Teologia dos votos; Apostolado; Estudo Pessoal; Vida Comunitária; Música; Sagrada Escritura; Autoconhecimento; Estudo sobre os Estatutos Gerais; Constituições da Ordem Hospitaleira; História da Ordem; Teologia Moral Fundamental; Mariologia; Cristologia; Eclesiologia; Educação Física; Mistério de Deus. Pastoral de Saúde e Bioética; e cartas de São João de Deus.

2. Aulas externas:
Espiritualidade Integradora; Curso de oração; Teologia Moral Fundamental; Cristologia; Liturgia: como fonte de Espiritualidade; História da Igreja na America Latina; Teologia moral sexual;História da VRC na America Latina; Jesus Histórico.








terça-feira, 11 de outubro de 2011

O dia de um noviço


Com este "post" pretendo ilustrar o dia de um noviço, aquilo que fazemos, a que nos dedicamos. Ainda hoje são muitos os jovens que decidem entregar-se de uma forma mais radical, seguindo os passos de S. João de Deus, mantendo viva a chama da hospitalidade. Assim espero que esta mensagem seja agradável para ti, a ti que buscas damos a conhecer o que somos, vendo como Deus vai passando pela nossa vida.
O dia típico de um noviço aqui na Fundação S. José em Madrid começa às 6 da manhã, altura em que despertamos, logo seguido, às 6.30 por trinta minutos dedicados à meditação pessoal. Pouco a pouco a comunidade vai-se reunindo na capela, esta é uma comunidade formativa e como tal todos participam nos diversos actos comunitários. Este tempo de meditação pode parecer estranho, à primeira vista, mas com o tempo parece que ganha um sabor especial, aqui o centro da nossa experiência é descobrir Deus no silêncio da oração, da meditação, um encontro pessoal com Aquele que sabemos que nos ama... Às 7 da manhã rezamos Laudes e Eucaristia, nesta participam também as Irmãs que se dedicam à pastoral no nosso hospital e que se juntam a nós para celebrar. Já fortalecidos com o alimento espiritual recuperamos forças com o pequeno almoço em comunidade fraterna ( de momento somos 6 postulantes, 2 irmãos noviços e 5 irmãos da comunidade formativa, por isso, o ambiente à mesa é sempre de descontracção e partilha. De seguida começamos a sair, todos destinados ao nosso trabalho apostólico... Neste momento estou a exercer o meu apostolado na unidade de S. Nicolas, uma unidade de Neurologia, com casos de epilepsia (a maioria com condições de fármaco-resistentes), residentes e com deficiências físicas e psíquicas. É uma unidade à qual estou a sentir-me bastante ligado, com pessoas fantásticas (colaboradores e pacientes), onde a maior parte dos nossos doentes precisam de atenção e carinho. São várias as tarefas que assumo ali, desde ajudar na higiene dos pacientes, na distribuição dos fármacos, assistir na alimentação, etc, tarefas onde nós assumimos a face visível da hospitalidade. Aos poucos vamos criando laços e aprendendo a cuidar de quem tão pouco pede de nós!Apesar de estar nesta unidade agora, de vez em quando mudamos para outra unidade, para nos inteirarmos das diversas facetas da hospitalidade. O tempo em que estamos com os pacientes passa a voar, e por vezes até custa ter de os deixar... Por volta das onze temos de deixar a unidade para nos dirigir ao noviciado onde temos aulas dedicadas a temas da Ordem, como constituições, estatutos, história da Ordem, figuras marcantes da OH, etc. Este tempo é seguido de um espaço pessoal onde temos oportunidade de meditar, fazer desporto, ler, etc.
Às 14h reunimo-nos para rezar a Hora Intermédia, uma vez mais a comunidade se junta em torno do altar para um momento dedicado a Ele, após o qual almoçamos. O almoço não se pode alongar, pois os noviços logo partem para as aulas no Instituto Teológico de Vida Religiosa, no centro de Madrid. Ali temos formação em diversos temas, tais como Psicologia, Carisma do Fundador, Processo Vocacional, Viver em comunidade, Liturgia, Biblia, etc... Estas aulas ocorrem de Segunda a Quarta-feira e ocupam toda a tarde. Pelas 20h reunimo-nos na capela junto com toda a comunidade para 30 min de meditação pessoal, seguida das Vésperas. O jantar comunitário é sempre um momento fraterno, onde nos deliciamos com conversas, com a animação especial dos irmãos mais velhos e que sempre nos fascinam com a sua boa disposição. Segue-se um tempo para vermos televisão, ler o jornal diário e tempo para descansar.
O dia no noviciado é bastante preenchido mas sempre rico de momentos em que partilhamos com Ele o silêncio e a oração. É um tempo de "namoro" com Deus e, para isso, todas as condições nos são proporcionadas!!!
Dentro de alguns dias espero poder deliciar-vos com um testemunho do Noviciado Interprovincial de S. Paulo no Brasil, onde se vive um ambiente internacional e, com toda a certeza, bastante interessante!
E tu já pensaste em fazer parte desta família?
Fala Senhor! Eu quero escutar a Tua Palavra, para descobrir o caminho a seguir!

Mais vale ser completo...


" Jung dizia uma coisa de grande sabedoria: mais vale ser completo do que ser perfeito. Ora isso é também uma grande verdade cristã. O que Tu nos pedes não é a perfeição, mas a confiança. O importante é que nos coloquemos, como somos, nas tuas mãos. As pessoas mais perfeitas que conheço são o contrário do perfeccionismo. Aceitam com humildade e persistência as suas imperfeições, aprenderam a sorrir dos próprios enganos e limites, e precisamente porque procuram viver na fidelidade aos ideais, sabem fugir das idealizações. Ensina-nos, Senhor, o amor por nós mesmos, que passa por essa aceitação que nada tem de conformismo, e tudo deve à esperança." (in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça)

sábado, 8 de outubro de 2011

Início do Noviciado




Hoje, dia 8 de Outubro de 2011, durante a oração de Vésperas, inicei o meu noviciado na Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, na Fundação Instituto S. José em Madrid. Para mim significa um grande passo, só possível graças a muita perseverança, amor por quem sofre e desejo de viver a hospitalidade ao jeito de S. João de Deus. O Noviciado é um tempo de silêncio, oração, busca pessoal, entrega completa, de "namoro" com aquele que nos chamou e nos quer por completo. É um período de dois anos, em que o mestre e a comunidade formativa apoiam, educam e guiam o novo irmão. É uma experiência profunda de encontro, quer com a comunidade, com Deus e com o homem que sofre. É neste clima de profunda reflexão e de encontro com Deus que o noviço interioriza a sua identificação com a Ordem. Durante este tempo o noviço recebe também formação, seja por parte da equipa formadora ou do Instituto da Vida Consagrada. Têm também espaço e tempo dedicado aos doentes, com quem passam grande parte do dia, para queno encontro com aquele que sofre cresça na missão da hospitalidade e amor dos mais debilitados. Assim peço a vossa oração, para mim e para todos os noviços da Província Portuguesa e da Ordem no mundo, para que sejamos motivo de alegria e coragem para quem necessita, sempre ao estilo de S. João de Deus, fazendo o bem aos outros.
Deixo-vos algumas fotos do momento que vivi esta noite quando inicei o Noviciado.
Bem Hajam! (Irmão Noviço Joel Carvalho)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Timor...um refúgio na ilha!




Um refúgio na ilha de palmeiras altivas que recortam o céu. Um encontro inesperado com o desconhecido que de repente se dá a conhecer de diversas formas quer se trate das gentes quer da paisagem agreste ou suave que permite uma passagem para a tranquilidade.

O percorrer das estradas ausentes e do alcatrão raro, transforma-se num longo caminho de pedras, de altos e baixos que em vez de sermos invadidos por uma estranha sensação de relaxamento, somos antes mexidos e remexidos, embalados e abanados como «shaker» que se agita para um «short drink» .

Apesar do contratempo do percurso, uma inebriante mistura floral faz antever ao viandante, uma agradável surpresa.

Inundada pelos tons quentes do pôr do sol atravessamos a montanha até Laclubar. Quem lá chega, não importa o local, é recebido em festa e mal assomamos à entrada da aldeia ou à porta de casa, somos logo agraciados com um “Tais” como de pessoas importantes se tratasse.

Contam-se muitas histórias e peripécias. Lendas e superstições juntamente com actos heróicos do povo que se diz "Mauber".

Nunca seremos capazes de agradecer suficientemente à natureza e às pessoas o extraordinário favor que nos fazem em nos acolher, uma e outras.

É impossível ir a Timor-Leste e não se deixar envolver por essas histórias e lendas que fluem naturalmente de quando em vez, nos raros serões da aldeia.

E, certamente, será por isso que ficamos encantados com essa gente simples que ainda hoje, e particularmente hoje, tem um amor incrível por Portugal, que não se consegue perceber ao certo, qual a razão.

Dizem que deverá ser porque nunca ali matamos ao contrário de outros povos e, talvez seja também por isso que eles, como costumam dizer, nem pisam a sombra da bandeira portuguesa.

Quando sonhamos sozinhos é só um sonho; mas quando sonhamos juntos é o início de uma realidade.” (D. Hélder Câmara).

É o que está a acontecer com este povo. Unido no sonho de uma vida melhor, de um país desenvolvido e livre.

O prometido é devido... Uma breve crónica em jeito de interpelação vocacional, com ideias em tempo partilhadas, onde os promotores do projecto passaram da retórica, à realidade da Missão dos Irmãos de S. João de Deus, colhendo os frutos da sementeira: quatro noviços timorenses e um quinto a caminho.

Como diz D. Hélder da Câmara, este sonho não poderá ser de um só mas de muitos: Irmãos Colaboradores, Benfeitores, Voluntários, Assistidos que fazem parte da Família de S. João de Deus em Timor-Leste.

Por vezes, parece que nos deixamos ficar para trás, agarrados a ideias, a sonhos que tivemos e que de alguma forma nos impedem de “andar para a frente”, de fazer caminho como S. João de Deus.

Precisamos, particularmente, neste tempo, de escutar o apelo interior que nos interpela a ser generosos e a oferecer a nossa vida aos mais necessitados, levando-lhes esperança e ocasionando-lhes momentos de felicidade...

(Irmão Álvaro Lavarinhas)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Queria dizer mais...


"Senhor, hoje queria dizer mais. Queria que a minha oração não fosse este rumor de sempre, as mesmas palavras disparadas à pressa, entre uma coisa e outra; ou o balbucio esquivo, cheio de tudo o que eu não disse, porque não encontrei o tempo, o modo ou a verdade. Hoje queria dizer mais. Não trago intenções, nem pedidos. Tenho pensado no que seria pedir-te não apenas que olhes por mim (isso fazes continuamente, mesmo se me esqueço de pedir), mas que olhes para mim. Dia após dia, sinto que, mais do que tudo, preciso do Teu olhar. Talvez me faltem palavras... Queria apenas colocar devagar as minhas mãos dentro das Tuas. E isso ser, Senhor, a minha oração e a minha vida." (in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dia do idoso na residência S. João de Ávila




No passado dia 1 de Outubro, na Residência S. João de Ávila (ISJD) em Lisboa celebrou-se o Dia do Idoso. 90%dos residentes participaram no lanche-convívio acompanhados pelos seus familiares e amigos. A mim, particularmente, satisfez-me ver a presença das famílias junto dos seus doentes e idosos. Jovens e menos jovens conviveram alegre e fraternalmente num ambiente animado e muito familiar. Para que o convívio fosse ainda mais alegre contou-se com a participação de um grupo de escuteiros do CNE de Carnaxide e de alguns elementos do Coral S. Francisco Xavier que com as suas músicas e cantares, fizeram vibrar os presentes e matar saudades do passado... Para quem não vive estas experiências pode parecer uma "lamechice" este comentário mas, só quem vê de perto o sorriso de satisfação e a alegria de quem é idoso ou está doente, rodeado pela família e pelos amigos pode sentir o que de facto é a felicidade e ser amado. São momentos únicos mas inesquecíveis e a prova são as fotografias que os próprios utentes permitiram e pediram que se publicassem. Fazemos Hospitalidade nesta Casa. E fazer hospitalidade é possibilitar aos hóspedes que participem nas actividades do hospedeiro e é precisamente isso que se pretende de acordo com a filosofia e os valores da Instituição: Hospitalidade, Qualidade, Respeito, Responsabilidade, Espiritualidade. Para Kant a "Hospitalidade é um imperativo Ético". Nada mais gratificante para nós Irmãos de S. João de Deus e Colaboradores do que ver a evolução dos nossos assistidos e a alegria com que partem após a alta, não plenamente restabelecidos, mas com autonomia que lhes permite fazer e ter uma vida com alguma qualidade e independência. Este estilo de vida, esta forma de estar próximo dos outros, particularmente dos que mais necessitam, é pastoral, é promoção vocacional é uma forma que distingue esta Família porque continua a seguir os passos e o estilo do fundador S. João de Deus. Desculpai-me esta referência vocacional mas é a forma de fazer hospitalidade que nos distingue de outros e ao mesmo tempo um convite a outros jovens e menos jovens que queiram pertencer à Família de S. João de Deus. Um agradecimento à Equipa da Pastoral da Saúde e Animação, aos auxiliares e enfermeiros de serviço e às voluntárias da fisioterapia; à Animadora Clara que juntamente com alguns dos utentes elaboraram um simpático postal, personalizado, oferecido no final do convívio aos presentes. A Direcção da RSJD está mais uma vez de parabéns por este evento que congregou a Família de S. João de Deus. (Ir. Álvaro )

Pensamento do dia...


" Para recuperar a razão e para combater as doenças do corpo e do espírito torna-se necessário rodear os enfermos de apoio, de conforto e de profundo calor humano." (S. João de Deus)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ao encontro dos pobres


" Senhor, a temperatura baixou. Quando atravesso a rua para entrar no calor do automóvel, ou sinto a protecção das estações de metro, dos cafés, do interior dos locais de trabalho, penso nos que dormem e vivem ao relento. É verdade que somos todos, de alguma maneira, gente sem-abrigo. Que, em certas horas de solidão ou de sofrimento, trazemos todos a alma enregelada na imensidão ferida do nosso peito. Mas quando a temperatura desce, só me dá para rezar para que o Teu Espírito Santo nos desassossegue, nos desinstale, nos faça caminhar ao encontro dos mais pobres." (in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça).

domingo, 2 de outubro de 2011

Beato Olallo Valdés


Encontro-me a ler a biografia de um homem singular, refiro-me ao Irmão Olallo Valdés. Foi Irmão de S. João de Deus, cubano de nascença e onde permaneceu toda a sua vida, apesar de lutas constantes com o regime. A sua vida é exemplo de coragem e hospitalidade. Nascido por volta do ano de 1820 (não se conhece a data certa uma vez que foi abandonado pelos pais), recebeu a sua formação numa casa para orfãos até aos 13/14 anos, tendo depois seguido a vida religiosa, mais concretamente na Ordem Hospitaleira. Aos 15 anos passa para o hospital de Camaguey onde desempenhou a sua missão hospitaleira durante 54 anos, com uma entrega total, admirada por todos. Este livro coloca-nos perante os seus testemunhos, de forma especial, diante o seu contacto com os doentes, feridos, e a sua acção hopsitaleira junto dos escravos e dos mais pobres, de quem era considerado pai e protector. Defendeu a população de um autêntica carnificina com o soar dos sinos, como aviso, defendendo as pessoas mais débeis, e mesmo assim, enfrentando as autoridades militares. Assistiu os doentes prisionais, sempre seguindo de perto a sua vocação hospitaleira, num momento histórico em que a população de Camaguey sofria uma pobreza extrema! Chamava "irmãos predilectos" aos idosos e demais necessitados, oferecendo-lhes todo o género de ajuda. É definido como um homem justo, santo, modelo de virtude, pai dos pobres, apóstolo da caridade...
Foi até ao último momento da sua vida defensor daqueles que se encontravam com mais necessidades e como tal, é para nós modelo de hospitalidade. Hoje amado de forma especial pelo povo cubano (foi a primeira beatificação em solo cubano), não pode deixar de ser para nós força e motivação no caminho da hospitalidade!

Receber cada dia como um dom


" Ajuda-me, Senhor, a receber cada dia como um dom. Ajuda-me a reconhecer que nada me falta, que Tu me dotaste de tudo aquilo que é necessário para fazer da vida uma coisa feliz e com sentido. Mesmo que me falte o universo inteiro, nada verdadeiramente me falta. Mesmo que eu espere muito do amanhã, devo saber que tenho tudo hoje. Ajuda-me a despoluir o olhar agravado por juízos, consumos, ressentimentos. Que eu saiba acolher a vida como oportunidade que ela é." (in Um Deus que dança, José Tolentino Mendonça)

sábado, 1 de outubro de 2011

Caminho da Ordem Hospitaleira


“ Há muitos séculos, depois da morte de S. João de Deus, o “Português de Granada”, Antón Martin foi o continuador desta obra magnifica de fazer o bem aos mais necessitados ao estilo do Fundador. Os médicos de Granada já conheciam a fama de bem fazer dos Hospitaleiros e ajudam-nos nos cuidados aos seus doentes, aconselham-nos e orientam-nos, colaboram nessa grande obra.

-Escutai bem, Irmãos, tudo aquilo que vos digam os médicos sobre os nossos doentes. Não vos esqueçais que eles têm um conhecimento mais profundo que nós próprios sobre as doenças do corpo.

Na jovem Universidade granadina já se leccionavam cursos de Medicina bem como Jurisprudência, Direito Canónico, Teologia e Artes. Mas os seguidores de João de Deus não tinham tempo , nem muitos deles preparação suficiente para serem admitidos nos cursos além de que havia uma proibição expressa emanada da Santa Sé.

Mesmo assim, contrasta notavelmente a evolução das doenças assistidas no hospital de João de Deus com as mesmas tratadas noutros hospitais.

Não havia dúvidas, no hospital de João de Deus, curam-se os doentes.

Está havendo um distanciamento (ruptura) do clássico conceito de hospital como o equivalente a morte solitária, de separação do resto dos homens pelo simples facto de terem um corpo doente. Já não é o albergue onde se depositam os incuráveis para não abalarem o bem estar do mundo que os rodeia, é algo mais; é um lugar onde se aplicam todos os meios, inclusive o amor, para a cura do corpo.

Compreendeu-se então que nem somente a caridade, nem a Medicina exclusivamente têm poder curativo, mas da união das duas pode-se obter eficazes resultados. E deste modo unem a bondade e a compreensão para as misérias humanas com os remédios médicos em uso.”…

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"O dom dos amigos"


"Hoje, Senhor, quero te dar graças pelo dom dos amigos. Sei que por meio deles te tornas presente à minha vida. Reconheço-te, tantas vezes, no seu amor gratuito, na sua presença alegre e incondicional, no modo como tornam firmes os fios que estremecem. Reconheço-te num postal que chega ou num e-mail inesperado. Reconheço-te do outro lado do telefone, a acenar-me na rua, naqueles dois dedos de conversa que nos permitem sermos nós próprios." (in "Um Deus que dança", José Tolentino Mendonça).

Pensamento do dia...


" A Igreja não seria Igreja se não atendesse a pessoa que sofre e não fizesse caso de uma adequada preparação e motivação cristã daqueles que assistem os doentes." (Angelini)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O dia de um postulante...


Como prometido, aqui aproveito esta oportunidade para te dar a conhecer o dia típico de um postulante. Como referia na mensagem em que te dei a conhecer esta etapa, o postulantado é uma fase vivida em comunidade. A comunidade que acolhe os postulantes em Portugal é a de Lisboa, uma comunidade simpática, com irmãos hospitaleiros, dispostos a acolher-te e guiar-te na descoberta da tua vocação.
O dia típico de um postulante começa, como o resto da comunidade, às 8 da manhã, quando a comunidade se encontra na capela da comunidade para celebrar Laudes e a Eucaristia, ponto fulcral do nosso dia, permite o nosso encontro com Aquele que nos chamou à hospitalidade... Em seguida a comunidade reúne-se para o pequeno-almoço comum, no fim do qual cada irmão se ocupa do seu trabalho apostólico. No caso do postulante este consiste em exercer a hospitalidade junto dos doentes, em trabalhos que permitam a interacção directa com eles. Durante esta fase o postulante coloca-se ao dispor do doente, "veste a bata" exercendo a sua missão nas pegadas de S. João de Deus!
A comunidade encontra-se novamente para o almoço, geralmente em comum, num clima informal e fraterno. A tarde geralmente ocupa-se coom formação, que pode ter vários temas, tais como os valores da OH, a pastoral da saúde, animação e voluntariado, liturgia... A formação ocupa um lugar primordial na Ordem Hospitaleira, sendo objecto de constantes estudos. É uma aposta permanente da Ordem, uma vez que possibilita o irmão para o caminho a seguir, dando-lhe uma raíz profunda que sustenta o tronco da sua vocação. Daí o lugar importante que ocupa na vida e experiência do postulantado. Ao final da tarde é tempo para o postulante se dedicar à meditação pessoal, pilar da descoberta do seu caminho, da sua interioridade. Aqui há a possibilidade de se encontrar com Deus, de reflectir... Este tempo de meditação pessoal é seguido de uma oração comunitária, as Vésperas. Com esta oração o dia aproxima-se do fim, e a comunidade reune-se à volta da mesa para o jantar! Mais uma vez um tempo de partilha informal e hospitaleiro.
O dia termina com um momento mais de lazer e pessoal, em que o postulante, juntamente com a comunidade tem a oportunidade para se actualizar com as notícias ou de recreio com a comunidade.
Assim, tens a oportunidade de ver que a jornada de um postulante é rica de vivências e oportunidades de enriquecimento pessoal. Há espaços de encontro consigo próprio, com a missão da ordem, e com Deus. É nestes momentos que o postulante, em conjunto com o mestre, constrói o caminho da sua vocação hospitaleira, colocando aqueles que precisam em primeiro plano e deixando-se guiar por Ele.

Pensamento do dia...


" Outra coisa não é, a meu parecer, a oração mental senão tratar de amizade - estando muitas vezes a sós - com quem sabemos que nos ama". (in Livro da Vida, St. Teresa de Ávila)

"O Tesouro Escondido"


O título desta mensagem é igualmente o título de um livro que acabo de ler. O autor, José Tolentino Mendonça, sobejamente conhecido por outras obras de igual valor, leva-nos numa descoberta, da fé e de nós, ao encontro do tesouro escondido. Recomendo vivamente que o leias, especialmente se procuras algo. Transcrevo a descrição do mesmo feita pelo autor, deixa-te conduzir ao teu tesouro...
'A meio do caminho desta vida
me vi perdido numa selva escura'
"Este verso de Dante, num dos pórticos da sua Divina Comédia, mostra como vivemos interiormente diferentes tempos, ciclos e idades, mergulhando numa experiência de complexidade. Muitas vezes, a sensação que nos sobrevém é a de desorientação. Olhamos e a vida tornou-se uma floresta. As evidências parecem-nos menos frequentes e acessíveis. O caminho faz-se através de ramos e folhagens, árduos de transpor. O nosso tesouro certamente continuará a existir em alguma parte, mas agora escondido a nossos olhos.
Por isso precisamos de um cristianismo sapiencial que mature e ilumine a pergunta que somos. Um cristianismo espiritualmente inspirador que nos relance com confiança na aprendizagem dessa arte que é a procura interior."

Vale a pena!!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vale a pena meditar nisto...


















" Que importa se é tão longe, para mim,
A praia aonde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara luz do teu olhar?

Nem sempre te pedi como hoje peço
Para seres a luz que me ilumina;
Mas sei que ao fim terei abrigo e acesso
Na plenitude da tua luz divina

Esquece os meus passos mal andados,
Meu desamor perdoa e meu pecado.
Eu sei que vai raiar a madrugada
E não me deixarás abandonado.

Se Tu me dás a mão, não terei medo,
Meus passos serão firmes no andar.
Luz terna, suave, leva-me mais longe:
Basta-me um passo para a ti chegar."
(John Henry Newman)

O Postulantado


No seguimento desta nossa descoberta do que é ser irmão de S. João de Deus e depois de termos meditado sobre a primeira fase do reconhecer de uma vocação, apresento-te hoje a continuação do caminho da formação de um candidato a irmão de S. João de Deus. Esta etapa é revestida de um carácter mais formal, mas também mais significativa, para quem a vive e para quem guia o candidato...
Depois do primeiro "enamoramento", descoberta e vivência da hospitalidade, o candidato reflecte, medita, mais uma vez entrega-se, e descobre aquilo que Deus quer dele. Tal como Jesus se recolhia em silêncio e oração, antes de escolher os Doze, ou quando precisava de orar ao Pai, assim também tu no silêncio deves procurar ouvir e reconhecer o que Senhor quer de ti! Na convicção do seu chamamento, e mais uma vez, acompanhado por um irmão, o candidato sente-se seguro a dar um passo em frente, pede formalmente para ser admitido ao Postulantado. A palavra postulantado deriva do latim, do verbo postulare, que significa pedir, pedir com insistência. É isso que o postulante faz, pede para ser admitido a algo, neste caso à comunidade dos irmãos de S. João de Deus, pede com convicção da sua chamada e do seu desejo de conversão.
O Postulantado é um período de experiência, talvez até não seja forte demais falar de um período de prova, para o candidato, mas também para a comunidade que acolhe o mesmo. É um período em que o candidato experimenta a vida do irmão de S. João de Deus, amadurece o seu percurso individual e humano, a sua vivência cristã. É um período de plena descoberta, uma fase em que o postulante tem oportunidade para estar com os doentes de uma forma mais activa, omnipresente, de entrega... No seu trabalho apostólico (assim denominamos este tempo em que estamos com os doentes, ou exercemos outras tarefas ligadas à vivência da hospitalidade, em prol dos que sofrem e da OH), o candidato terá oportunidade de criar laços, começar a interiorizar e a beber da hospitalidade, tornando-se mais seguro na sua vivência da caridade ao jeito de S. João de Deus. Tem também formação em vários temas, ligados à OH, tais como, valores da ordem, voluntariado, ética, pastoral... Nesta riqueza, multiplicidade de vivências o candidato adquire conhecimentos vários e multidisciplinares que lhe possibilitam enfrentar de forma segura o caminho em frente. Mas não são só momentos destes que preenchem a vivência do postulante, mas também o contacto directo com a comunidade dos irmãos, na qual se insere e da qual começa a fazer parte integrante. Nesta reconhece uma verdadeira família que o acolhe, e com o passar do tempo cria laços que o tornam identificado e membro. Comunga de uma vida comunitária rica em expressões, seja de sensações, seja de acontecimentos. É caso para dizer que se descobre e dá-se a descobrir!
É um tempo para amadurecer a sua identificação com o carisma da hospitalidade, com o refinar dos seus sentimentos e capacidades de vir a integrar a família que deseja fazer parte... Mais uma vez, é uma etapa que não viverás em solidão. Para além de uma comunidade de irmãos que te acolhe, tens também um mestre, um irmão escolhido pela sua vivência do carisma e dotado de uma experiência que para ti será enriquecedora. Será o teu guia, mas além disso teu companheiro. Como vês nunca estás só na Ordem Hospitaleira, o caminho é por ti construído e percorrido, mas ao teu lado tens sempre alguém, que te ampara quando precisas ou te indica o trajecto quando no meio da confusão não encontras a "seta" correcta! Durante as próximas mensagens publicarei um horário de um dia típico de um postulante na comunidade acolhedora. Até lá, mais uma vez, pensa naqueles que desamparados não têm em quem se apoiar, naqueles que nas nossas casas recebem o apoio e cuidado dos irmãos e colaboradores que hoje mantêm viva a chama da hospitalidade! Também tu podes ser parte dessa chama...

Pensamento do dia...


"Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e aí te procurava, e eu, sem beleza, precipitava-me nessas coisas belas que tu fizeste. Tu estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti, aquelas coisas que não seriam, se em ti não fossem. Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume, e eu respirei e suspiro por ti; saboreei-te, e tenho fome e sede; tocaste-me, e inflamei-me no desejo da tua paz" (in Confissões, St. Agostinho,X, XXVII).

domingo, 25 de setembro de 2011

Família hospitaleira em movimento...


Ontem dia 24 de Setembro, no âmbito da Celebração do Ano da Família de S. João de Deus, um grupo de Irmãos , Colaboradores, seus familiares e utentes da Residência S. João de Ávila (anexa à Cúria Provincial) foram visitar Montemor-o-Novo, terra natal de S. Joao de Deus.

Trinta pessoas, a mais "nova" com 98 anos e a mais jovem com 4, chegaram ao hospital S. João de Deus e foram acolhidos pelo Irmão Adelino Manteigas, Director do Estabelecimento Hospitalar que conduziu o grupo pelas ruas de Montemor-o-Novo até à Igreja Matiz com o objectivo de visitarem e rezarem na Cripta, considerada o local onde S. João de Deus nasceu e com seus pais habitou durante cerca de oito anos.

Ali pudemos rezar e pedir as bênçãos e intercessão de S. João de Deus para as necessidades dos "peregrinos" e seus colegas, doentes, irmãos e pelas vocações. O Irmão Adelino ia explicando pormenores da história da Ordem, vida do Santo Fundador e das obras de melhoramento realizadas na Cripta.

Devido ao serviço religioso na Igreja Matriz não nos pudemos demorar-nos no seu interior, mas houve ainda tempo para contemplar o belíssimo exemplar da arte barroca e as iluminuras no tecto bem como as imagens do Patriarca S. João de Deus e S. Rafael, entre outras, e a pia baptismal onde o Santo, ainda na Igreja do Castelo, no ano de 1495 recebeu o baptismo.

Aproveitando a escultura do Santo no largo em frente à Igreja Matriz, aproveitamos para a nossa fotografia de grupo, seguindo de imediato para o histórico Castelo onde apreciamos os trabalhos de escavação, reconstrução e conservação dos edifícios existentes mais recentes e primitivos bem como a belíssima paisagem alentejana com a Senhora da Visitação no alto da sua ermida como que a a abençoar todos os Montemorenses e peregrinos que por ali passam e para Ela dirigem o seu olhar suplicante.

Regressamos ao Hospital e de novo o Irmão Adelino nos acompanhou na visita guiada às instalações: Unidade de Convalescença (UCCI), Unidade de Internamento de cirurgia ortopédica e Serviços de Medicina Física e Reabilitação, Oficinas de próteses e ortóteses e sapataria. Pudemos ainda visitar a Igreja do Hospital e admirar os painéis de azulejos retratando episódios da vida de S. João de Deus.

Terminamos a visita com o almoço e regressamos a Lisboa porque alguns colaboradores tinham trabalho à espera.

Foi uma visita simpática que a todos agradou esperando nova edição para aqueles que desta vez não tiveram oportunidade de a fazer.

Um agradecimento à Direcção da Residência SJA e à Equipa da Pastoral da Saúde e Animação e Voluntariado pela organização e disponibilidade.

Que S. João de Deus a todos proteja e faça com que outros se agreguem à sua família.

Pensamento do dia...


" Portugal seria um país muito triste, psiquiatricamente, se não existissem as Ordens Hospitaleiras." (Dr. Pacheco Palha, in Revista Hospitalidade)

Campo de férias


O título desta mensagem é convidativo, relacionamos sempre as férias com tempo de descanso, lazer, ócio, noitadas (com os devidos desenvolvimentos...)... Mas não é de ócio e de lazer que te venho falar hoje, mas de algo diferente! Quantas vezes não sentiste que as tuas férias é um prolongar de um tempo sem fazer algo de útil? De dias passados em frente do computador, em actualizações permanentes do facebook, às quais todos comentam e que com o tempo até se tornam aborrecidas? Pois é, penso que todos nós passamos por isto...
Como te disse, os nossos campos de férias certamente não se inserem nesta definição de férias! Para nós, é um tempo de descoberta, de deixar o "eu" solitário e partir para o "eu" solidário... Como não poderia deixar de ser, mais uma vez, o doente ocupa o centro das nossas actividades e o nosso mundo gravita em torno de uma missão - proporcionar alegria, bem estar, companhia a quem sofre! Isso não quer dizer que não tenhamos os nossos momentos de lazer e ócio, de facto, faz parte de um campo de férias hospitaleiro momentos de convívio.
São organizados vários ao longo do ano, nas diversas casas da OH (podes consultar a agenda no site da Juventude Hospitaleira - www.juventudehospitaleira.org). As dinâmicas são várias, mas podes esperar estar integrado num grupo de outros jovens, que contigo partilham valores, solidariedade, compreensão... Requisitos essenciais são abertura, acolhimento e doses de hospitalidade. Terás momento de interacção com doentes, jovens, colaboradores. Destes, sairás mais rico, mais cheio de compreensão, com vontade de voltar. Sairás desse mundo que conheces, onde estás mais à vontade! De seguida encontrarás um testemunho de um jovem que participou nesse campo de férias, deixa-te interpelar por ele e se te sentes com vontade de ser diferente, de dar mais de ti, não temas em tomar parte num campo de férias da OH, não te arrependerás!

"Foi mais um “Telhal”, mais uma actividade da JH, mais nove dias de continuação da obra de S. João de Deus. Começamos a actividade com um jantar no qual foi mediatamente visível que este se iria tornar um grupo unido e dedicado, o que veio a verificar-se. Neste campo utentes transformaram-se em amigos, monitores em companheiros e amigos que se recorda para a vida. Orações, partilhas, risos e brincadeiras foram o suficiente para em poucos dias criar uma grande família hospitaleira. Uma das actividades deste campo foi uma palestra sobre a história da Casa de Saúde do Telhal, uma casa com muita história, vida e passagens. Com 118 anos continua a ser uma casa com um espírito alegre e muito jovem. Uma outra história que conhecemos foi a de S. João de Deus, um homem como uma obra, que todos tentamos, à nossa maneira, continuar e enriquecer. Continuando com o tema histórias, temos a dos doentes, pessoas que foram elas mesmas e respeitadas e que aqui dia-a-dia tentam voltar ao que eram. Com eles me diverti, matei toda a saudade e vivi momentos que vou, durante toda a minha vida, recordar. A parte mais difícil é o fim. O dia da despedida que tanto magoa. Mas com todo o fim vem um novo princípio. Até breve …" (Gustavo)

sábado, 24 de setembro de 2011

Mostrai-me Senhor os vossos caminhos...



Agora que já sabes, embora de uma forma ainda incipiente, o que significa ser irmão de S. João de Deus, gostaria de te falar do caminho de uma vocação, de uma descoberta, a qual um candidato faz e que o ajuda a discernir melhor o chamamento de Deus a esta forma de vida (ser irmão de S. João de Deus).
Quando eu no intímo do meu ser, sinto um chamamento, um sinal de Deus, uma vontade, desejo... no sentido de ser irmão de S. João de Deus, o que devo fazer? Primeiro devemos orar, pedir que Deus nos mostre o caminho, nos dê a força que necessitamos na descoberta da nossa vocação... Lembra-te que Deus tem um plano formulado para ti, te dará as forças necessárias que precisas! Como no salmo, pedimos 'Mostrai-me Senhor os vossos caminhos'.
A caminhada não tem (e não deve) ser feita sem alguém ao nosso lado, para isso, contacta um irmão (de preferência o Ir. Alberto Mendes - responsável pela Pastoral Vocacional), podes usar este blog também para contactar ou tirar dúvidas, ou dirige-te a uma das nossas casas, temos várias no continente, nas ilhas, no Brasil e em Timor Leste (www.isjd.pt).
A primeira etapa do nosso conhecimento, da nossa descoberta, passa pelo acompanhamento do irmão responsável. Não temas, o caminho é sempre feito com outros, lembra-te que não estás só! Neste tempo terás oportunidade de conhecer a Ordem, a Província, a vida dos Irmãos, quem sabe até fazer parte de um campo de férias (onde poderás interagir com os doentes, lembra-te que estes são o centro do nosso ser e existir, 'sem eles não somos nada'). Do irmão responsável podes esperar abertura, sinceridade, acolhimento e, a nossa sempre presente, hospitalidade. Atreve-te, deixa que o Senhor te mostre o caminho...
Nos próximos dias falar-te-ei de outras etapas que se seguem, para que aos poucos conheças a obra, o ser, a missão dos irmãos! Até lá peço-te apenas que penses nos mais desfavorecidos, naqueles que vivem à margem da nossa sociedade. Quando caminhares na rua da tua cidade, olha para os sem abrigo, deficientes, ..., não como 'paisagem' mas como criaturas de Deus. Deixa que S. João de Deus comece a falar dentro de ti, actue, modifique a tua vida...

Uma chamada...uma resposta

A Juventude Hospitaleira esteve nas Jornadas Mundias da Juventude 2011


Foi, de facto, um acontecimento que marcou a vida de muitos jovens (e não só...), refiro-me, como é óbvio, às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que este ano tiveram lugar em Madrid de 16 a 21 de Agosto. Embora a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, em conjunto com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, prepararam um encontro que antecedeu as JMJ, que iniciou a 12 de Agosto tendo culminado com as JMJ. Este encontro internacional de jovens hospitaleiros teve como tema a seguinte frase: “Com Cristo, junto a quem sofre”, e contou com a participação de jovens ( e alguns menos jovens), irmãos e irmãs, de vários países de todos os continentes. Realçamos a presença da Juventude Hospitaleira, pois com cerca de 50 jovens participantes revelou-se o grupo com maior número de elementos (e mais jovem...).

Este encontro foi o culminar de uma série de reuniões de preparação, noites quase sem descansar, encontros que se dividiram entre Portugal e Espanha (já que a equipa organizadora provinha dos dois países), mas o resultado foi um encontro que tocou de forma especial quem nele teve participação. Com a chegada dos vários participantes ao Albergue de S. João de Deus, em Madrid, na que seria a nossa casa mãe durante esses dias, foi-se começando a sentir o ambiente internacional e hospitaleiro que reinou durante o resto dos dias. O encontro internacional de jovens hospitaleiros, tinha uma lema próprio para cada um dos dias, sempre relacionado com a hospitalidade e o encontro do olhar do cuidador com o do sofredor. Foram reflexões, workshops, vigílias, orações, passeios, festas que ajudaram a centrar-nos no essencial, “a reconhecer que fazemos parte da árvore da hospitalidade, que somos raiz dessa árvore” (reflexão do Irmão Superior Geral da Ordem, que esteve junto com os jovens numa dessas reflexões), que junto com Cristo e com aqueles mais desfavorecidos no centro da nossa vida levamos a bom porto a missão da hospitalidade, segundo o carisma deixado pelo nosso fundador S. João de Deus. Foram momentos de encontro, connosco próprios e com Deus, centrando a nossa atenção naquele que sofre, como face e presença de Cristo.

De 16 a 21 de Agosto os participantes no encontro internacional de jovens hospitaleiros juntaram-se aos cerca de 2 milhões de jovens, vindos de todos os cantos do mundo, que tomaram parte nas Jornadas Mundiais da Juventude. As ruas de Madrid encheram-se de um colorido alegre, de um grito que ganhava força dia a dia. Foram várias as actividades em que participamos, de realçar a missa de abertura na Praça Cibeles, a Via Sacra, as diferentes catequeses por idiomas, a vigília nocturna e no final a Eucaristia de envio em Cuatro Vientos. As jornadas tinham como lema uma passagem da carta de S. Paulo – “Enraizados e Edificados em Cristo, Firmes na Fé” , e assim foi, os jovens mostraram que esse lema não ficou perdido algures nas primeiras comunidades cristãs, mas gritaram de pulmões cheios que estamos “Firmes na Fé”, que fomos chamados a uma missão e procuramos responder. A presença de Bento XVI junto dos jovens deu outro alento à nossa caminhada, a sua presença foi motivação e alegria para nós. No seu discurso dizia Bento XVI – “Que nada, nem ninguém, vos tire a paz”, de facto, tantas são as possibilidades, os caminhos, que nos levam para longe de Cristo, numa sociedade marcadamente individualista, o sumo pontífice, exortou-nos a optar por caminhos diferentes, por valores que nos aproximem da mensagem do Evangelho. Durante a eucaristia de envio no domingo, 21 de Agosto, foi anunciado oficialmente o lugar da próxima jornada mundial, será no Rio de Janeiro em 2013, por terras da nossa província... até lá fomos enviados, enviados a exercer a hospitalidade, a ser parte dela, raiz de uma árvore que se quer forte e viva!

Ser Irmão de S. João de Deus...

O título deste blog partilha do conteúdo desta mensagem, Ser Irmão de S. João de Deus... O que é isso perguntará o cibernauta que por acaso, ou não, veio encontrar este blog. Este blog nasceu da vontade de dar a conhecer o que fazem, o que são, o que se propõem ser aqueles que abraçaram a missão da hospitalidade.
A pergunta colocou-se e mantém-se, o que é ser irmão de S. João de Deus?
Irmão de S. João de Deus é um membro da Ordem Hospitaleira, uma ordem católica que nasceu por terras espanholas (Granada), apesar do seu fundador ser português, alentejano e, infelizmente, ainda por muitos desconhecido, falo de S. João de Deus. A Ordem Hospitaleira tem as suas raízes no séc. XVI, quando os primeiros seguidores da obra de S. João de Deus se juntam e com uma missão em comum, a hospitalidade, formam a futura Ordem Hospitaleira. No centro do nosso ser, do nosso carisma, está a pessoa necessitada, aquele que por diversas razões sofre (doença, discriminação, marginalização...). Hoje, mais do que nunca, a nossa missão é actual, o sofrimento está presente em quase todos os lados... O irmão de S. João de Deus, exerce a sua hospitalidade neste contexto, neste mundo de sofrimento, em seguimento do fundador, com raízes bem formadas e com uma missão definida.
Hoje, estamos presentes em todos os continentes, em mais de 50 países, com mais de 400 obras apostólicas. Actuamos essencialmente no campo da saúde (não esquecendo o social). A nossa espiritualidade manifesta-se, em sentido estreito, com a vivência da hospitalidade.Temos uma dimensão missionária (aliás já presente na nossa história, quando durante os descobrimentos os irmãos seguiam como enfermeiros nas embarcações), dimensão esta bastante patente em algumas das províncias (a dimensão missionária encontra-se bem expressa na presença da Província Portuguesa em Timor Leste).
Basicamente, estamos ao serviço do enfermo, de um modo particular do doente mental. Desenvolvemos o nosso carisma em estreita relação com colaboradores, que comungam da nossa espiritualidade e fonte de serviço. Em conjunto fazemos parte da alargada Família Hospitaleira.
Num mundo marcadamente secular, individualista e fechado em si, somos a face da caridade, comungando de um suporte comum que é a Igreja.
Em Portugal formamos a Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira (www.isjd.pt), que em conjunto com a Delegação Provincial do Brasil e a nossa missão de Timor Leste desenvolvem a hospitalidade em diversos campos apostólicos. Num outro post elaborarei mais o tema da província portuguesa. Aqui fica, embora de forma resumida, o que é um irmão de S. João de Deus, muito ficou por dizer, quem sabe até talvez o essencial, no entanto, o que nos propomos fazer é ir elaborando este blog, dando a conhecer a nossa obra, o nosso apostolado, as nossas gentes, o que somos e o que fazemos!
Por hoje deixo-vos com um pensamento de S. João de Deus, embora do séc. XVI, é inegável a sua actualidade: "Tudo perece, só as boas obras permanecem". Com toda a certeza, a Ordem Hospitaleira é uma dessas boas obras.
Bem Hajam!