Um refúgio na ilha de palmeiras altivas que recortam o céu. Um encontro inesperado com o desconhecido que de repente se dá a conhecer de diversas formas quer se trate das gentes quer da paisagem agreste ou suave que permite uma passagem para a tranquilidade.
O percorrer das estradas ausentes e do alcatrão raro, transforma-se num longo caminho de pedras, de altos e baixos que em vez de sermos invadidos por uma estranha sensação de relaxamento, somos antes mexidos e remexidos, embalados e abanados como «shaker» que se agita para um «short drink» .
Apesar do contratempo do percurso, uma inebriante mistura floral faz antever ao viandante, uma agradável surpresa.
Inundada pelos tons quentes do pôr do sol atravessamos a montanha até Laclubar. Quem lá chega, não importa o local, é recebido em festa e mal assomamos à entrada da aldeia ou à porta de casa, somos logo agraciados com um “Tais” como de pessoas importantes se tratasse.
Contam-se muitas histórias e peripécias. Lendas e superstições juntamente com actos heróicos do povo que se diz "Mauber".
Nunca seremos capazes de agradecer suficientemente à natureza e às pessoas o extraordinário favor que nos fazem em nos acolher, uma e outras.
É impossível ir a Timor-Leste e não se deixar envolver por essas histórias e lendas que fluem naturalmente de quando em vez, nos raros serões da aldeia.
E, certamente, será por isso que ficamos encantados com essa gente simples que ainda hoje, e particularmente hoje, tem um amor incrível por Portugal, que não se consegue perceber ao certo, qual a razão.
Dizem que deverá ser porque nunca ali matamos ao contrário de outros povos e, talvez seja também por isso que eles, como costumam dizer, nem pisam a sombra da bandeira portuguesa.
“ Quando sonhamos sozinhos é só um sonho; mas quando sonhamos juntos é o início de uma realidade.” (D. Hélder Câmara).
É o que está a acontecer com este povo. Unido no sonho de uma vida melhor, de um país desenvolvido e livre.
O prometido é devido... Uma breve crónica em jeito de interpelação vocacional, com ideias em tempo partilhadas, onde os promotores do projecto passaram da retórica, à realidade da Missão dos Irmãos de S. João de Deus, colhendo os frutos da sementeira: quatro noviços timorenses e um quinto a caminho.
Como diz D. Hélder da Câmara, este sonho não poderá ser de um só mas de muitos: Irmãos Colaboradores, Benfeitores, Voluntários, Assistidos que fazem parte da Família de S. João de Deus em Timor-Leste.
Por vezes, parece que nos deixamos ficar para trás, agarrados a ideias, a sonhos que tivemos e que de alguma forma nos impedem de “andar para a frente”, de fazer caminho como S. João de Deus.
Precisamos, particularmente, neste tempo, de escutar o apelo interior que nos interpela a ser generosos e a oferecer a nossa vida aos mais necessitados, levando-lhes esperança e ocasionando-lhes momentos de felicidade...
(Irmão Álvaro Lavarinhas)
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