A romã tem um significado especial para a Ordem Hospitaleira. É o símbolo de identificação desta, representa também a missão atribuída por Cristo a S. João de Deus. Está também associada à unidade, à família. Os seus grãos sendo diferentes entre si, representam os vários membros da família hospitaleira, que embora diferentes trabalham na e pela mesma missão.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"O dom dos amigos"


"Hoje, Senhor, quero te dar graças pelo dom dos amigos. Sei que por meio deles te tornas presente à minha vida. Reconheço-te, tantas vezes, no seu amor gratuito, na sua presença alegre e incondicional, no modo como tornam firmes os fios que estremecem. Reconheço-te num postal que chega ou num e-mail inesperado. Reconheço-te do outro lado do telefone, a acenar-me na rua, naqueles dois dedos de conversa que nos permitem sermos nós próprios." (in "Um Deus que dança", José Tolentino Mendonça).

Pensamento do dia...


" A Igreja não seria Igreja se não atendesse a pessoa que sofre e não fizesse caso de uma adequada preparação e motivação cristã daqueles que assistem os doentes." (Angelini)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O dia de um postulante...


Como prometido, aqui aproveito esta oportunidade para te dar a conhecer o dia típico de um postulante. Como referia na mensagem em que te dei a conhecer esta etapa, o postulantado é uma fase vivida em comunidade. A comunidade que acolhe os postulantes em Portugal é a de Lisboa, uma comunidade simpática, com irmãos hospitaleiros, dispostos a acolher-te e guiar-te na descoberta da tua vocação.
O dia típico de um postulante começa, como o resto da comunidade, às 8 da manhã, quando a comunidade se encontra na capela da comunidade para celebrar Laudes e a Eucaristia, ponto fulcral do nosso dia, permite o nosso encontro com Aquele que nos chamou à hospitalidade... Em seguida a comunidade reúne-se para o pequeno-almoço comum, no fim do qual cada irmão se ocupa do seu trabalho apostólico. No caso do postulante este consiste em exercer a hospitalidade junto dos doentes, em trabalhos que permitam a interacção directa com eles. Durante esta fase o postulante coloca-se ao dispor do doente, "veste a bata" exercendo a sua missão nas pegadas de S. João de Deus!
A comunidade encontra-se novamente para o almoço, geralmente em comum, num clima informal e fraterno. A tarde geralmente ocupa-se coom formação, que pode ter vários temas, tais como os valores da OH, a pastoral da saúde, animação e voluntariado, liturgia... A formação ocupa um lugar primordial na Ordem Hospitaleira, sendo objecto de constantes estudos. É uma aposta permanente da Ordem, uma vez que possibilita o irmão para o caminho a seguir, dando-lhe uma raíz profunda que sustenta o tronco da sua vocação. Daí o lugar importante que ocupa na vida e experiência do postulantado. Ao final da tarde é tempo para o postulante se dedicar à meditação pessoal, pilar da descoberta do seu caminho, da sua interioridade. Aqui há a possibilidade de se encontrar com Deus, de reflectir... Este tempo de meditação pessoal é seguido de uma oração comunitária, as Vésperas. Com esta oração o dia aproxima-se do fim, e a comunidade reune-se à volta da mesa para o jantar! Mais uma vez um tempo de partilha informal e hospitaleiro.
O dia termina com um momento mais de lazer e pessoal, em que o postulante, juntamente com a comunidade tem a oportunidade para se actualizar com as notícias ou de recreio com a comunidade.
Assim, tens a oportunidade de ver que a jornada de um postulante é rica de vivências e oportunidades de enriquecimento pessoal. Há espaços de encontro consigo próprio, com a missão da ordem, e com Deus. É nestes momentos que o postulante, em conjunto com o mestre, constrói o caminho da sua vocação hospitaleira, colocando aqueles que precisam em primeiro plano e deixando-se guiar por Ele.

Pensamento do dia...


" Outra coisa não é, a meu parecer, a oração mental senão tratar de amizade - estando muitas vezes a sós - com quem sabemos que nos ama". (in Livro da Vida, St. Teresa de Ávila)

"O Tesouro Escondido"


O título desta mensagem é igualmente o título de um livro que acabo de ler. O autor, José Tolentino Mendonça, sobejamente conhecido por outras obras de igual valor, leva-nos numa descoberta, da fé e de nós, ao encontro do tesouro escondido. Recomendo vivamente que o leias, especialmente se procuras algo. Transcrevo a descrição do mesmo feita pelo autor, deixa-te conduzir ao teu tesouro...
'A meio do caminho desta vida
me vi perdido numa selva escura'
"Este verso de Dante, num dos pórticos da sua Divina Comédia, mostra como vivemos interiormente diferentes tempos, ciclos e idades, mergulhando numa experiência de complexidade. Muitas vezes, a sensação que nos sobrevém é a de desorientação. Olhamos e a vida tornou-se uma floresta. As evidências parecem-nos menos frequentes e acessíveis. O caminho faz-se através de ramos e folhagens, árduos de transpor. O nosso tesouro certamente continuará a existir em alguma parte, mas agora escondido a nossos olhos.
Por isso precisamos de um cristianismo sapiencial que mature e ilumine a pergunta que somos. Um cristianismo espiritualmente inspirador que nos relance com confiança na aprendizagem dessa arte que é a procura interior."

Vale a pena!!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vale a pena meditar nisto...


















" Que importa se é tão longe, para mim,
A praia aonde tenho de chegar,
Se sobre mim levar constantemente
Poisada a clara luz do teu olhar?

Nem sempre te pedi como hoje peço
Para seres a luz que me ilumina;
Mas sei que ao fim terei abrigo e acesso
Na plenitude da tua luz divina

Esquece os meus passos mal andados,
Meu desamor perdoa e meu pecado.
Eu sei que vai raiar a madrugada
E não me deixarás abandonado.

Se Tu me dás a mão, não terei medo,
Meus passos serão firmes no andar.
Luz terna, suave, leva-me mais longe:
Basta-me um passo para a ti chegar."
(John Henry Newman)

O Postulantado


No seguimento desta nossa descoberta do que é ser irmão de S. João de Deus e depois de termos meditado sobre a primeira fase do reconhecer de uma vocação, apresento-te hoje a continuação do caminho da formação de um candidato a irmão de S. João de Deus. Esta etapa é revestida de um carácter mais formal, mas também mais significativa, para quem a vive e para quem guia o candidato...
Depois do primeiro "enamoramento", descoberta e vivência da hospitalidade, o candidato reflecte, medita, mais uma vez entrega-se, e descobre aquilo que Deus quer dele. Tal como Jesus se recolhia em silêncio e oração, antes de escolher os Doze, ou quando precisava de orar ao Pai, assim também tu no silêncio deves procurar ouvir e reconhecer o que Senhor quer de ti! Na convicção do seu chamamento, e mais uma vez, acompanhado por um irmão, o candidato sente-se seguro a dar um passo em frente, pede formalmente para ser admitido ao Postulantado. A palavra postulantado deriva do latim, do verbo postulare, que significa pedir, pedir com insistência. É isso que o postulante faz, pede para ser admitido a algo, neste caso à comunidade dos irmãos de S. João de Deus, pede com convicção da sua chamada e do seu desejo de conversão.
O Postulantado é um período de experiência, talvez até não seja forte demais falar de um período de prova, para o candidato, mas também para a comunidade que acolhe o mesmo. É um período em que o candidato experimenta a vida do irmão de S. João de Deus, amadurece o seu percurso individual e humano, a sua vivência cristã. É um período de plena descoberta, uma fase em que o postulante tem oportunidade para estar com os doentes de uma forma mais activa, omnipresente, de entrega... No seu trabalho apostólico (assim denominamos este tempo em que estamos com os doentes, ou exercemos outras tarefas ligadas à vivência da hospitalidade, em prol dos que sofrem e da OH), o candidato terá oportunidade de criar laços, começar a interiorizar e a beber da hospitalidade, tornando-se mais seguro na sua vivência da caridade ao jeito de S. João de Deus. Tem também formação em vários temas, ligados à OH, tais como, valores da ordem, voluntariado, ética, pastoral... Nesta riqueza, multiplicidade de vivências o candidato adquire conhecimentos vários e multidisciplinares que lhe possibilitam enfrentar de forma segura o caminho em frente. Mas não são só momentos destes que preenchem a vivência do postulante, mas também o contacto directo com a comunidade dos irmãos, na qual se insere e da qual começa a fazer parte integrante. Nesta reconhece uma verdadeira família que o acolhe, e com o passar do tempo cria laços que o tornam identificado e membro. Comunga de uma vida comunitária rica em expressões, seja de sensações, seja de acontecimentos. É caso para dizer que se descobre e dá-se a descobrir!
É um tempo para amadurecer a sua identificação com o carisma da hospitalidade, com o refinar dos seus sentimentos e capacidades de vir a integrar a família que deseja fazer parte... Mais uma vez, é uma etapa que não viverás em solidão. Para além de uma comunidade de irmãos que te acolhe, tens também um mestre, um irmão escolhido pela sua vivência do carisma e dotado de uma experiência que para ti será enriquecedora. Será o teu guia, mas além disso teu companheiro. Como vês nunca estás só na Ordem Hospitaleira, o caminho é por ti construído e percorrido, mas ao teu lado tens sempre alguém, que te ampara quando precisas ou te indica o trajecto quando no meio da confusão não encontras a "seta" correcta! Durante as próximas mensagens publicarei um horário de um dia típico de um postulante na comunidade acolhedora. Até lá, mais uma vez, pensa naqueles que desamparados não têm em quem se apoiar, naqueles que nas nossas casas recebem o apoio e cuidado dos irmãos e colaboradores que hoje mantêm viva a chama da hospitalidade! Também tu podes ser parte dessa chama...

Pensamento do dia...


"Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! E eis que estavas dentro de mim e eu fora, e aí te procurava, e eu, sem beleza, precipitava-me nessas coisas belas que tu fizeste. Tu estavas comigo e eu não estava contigo. Retinham-me longe de ti, aquelas coisas que não seriam, se em ti não fossem. Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exalaste o teu perfume, e eu respirei e suspiro por ti; saboreei-te, e tenho fome e sede; tocaste-me, e inflamei-me no desejo da tua paz" (in Confissões, St. Agostinho,X, XXVII).

domingo, 25 de setembro de 2011

Família hospitaleira em movimento...


Ontem dia 24 de Setembro, no âmbito da Celebração do Ano da Família de S. João de Deus, um grupo de Irmãos , Colaboradores, seus familiares e utentes da Residência S. João de Ávila (anexa à Cúria Provincial) foram visitar Montemor-o-Novo, terra natal de S. Joao de Deus.

Trinta pessoas, a mais "nova" com 98 anos e a mais jovem com 4, chegaram ao hospital S. João de Deus e foram acolhidos pelo Irmão Adelino Manteigas, Director do Estabelecimento Hospitalar que conduziu o grupo pelas ruas de Montemor-o-Novo até à Igreja Matiz com o objectivo de visitarem e rezarem na Cripta, considerada o local onde S. João de Deus nasceu e com seus pais habitou durante cerca de oito anos.

Ali pudemos rezar e pedir as bênçãos e intercessão de S. João de Deus para as necessidades dos "peregrinos" e seus colegas, doentes, irmãos e pelas vocações. O Irmão Adelino ia explicando pormenores da história da Ordem, vida do Santo Fundador e das obras de melhoramento realizadas na Cripta.

Devido ao serviço religioso na Igreja Matriz não nos pudemos demorar-nos no seu interior, mas houve ainda tempo para contemplar o belíssimo exemplar da arte barroca e as iluminuras no tecto bem como as imagens do Patriarca S. João de Deus e S. Rafael, entre outras, e a pia baptismal onde o Santo, ainda na Igreja do Castelo, no ano de 1495 recebeu o baptismo.

Aproveitando a escultura do Santo no largo em frente à Igreja Matriz, aproveitamos para a nossa fotografia de grupo, seguindo de imediato para o histórico Castelo onde apreciamos os trabalhos de escavação, reconstrução e conservação dos edifícios existentes mais recentes e primitivos bem como a belíssima paisagem alentejana com a Senhora da Visitação no alto da sua ermida como que a a abençoar todos os Montemorenses e peregrinos que por ali passam e para Ela dirigem o seu olhar suplicante.

Regressamos ao Hospital e de novo o Irmão Adelino nos acompanhou na visita guiada às instalações: Unidade de Convalescença (UCCI), Unidade de Internamento de cirurgia ortopédica e Serviços de Medicina Física e Reabilitação, Oficinas de próteses e ortóteses e sapataria. Pudemos ainda visitar a Igreja do Hospital e admirar os painéis de azulejos retratando episódios da vida de S. João de Deus.

Terminamos a visita com o almoço e regressamos a Lisboa porque alguns colaboradores tinham trabalho à espera.

Foi uma visita simpática que a todos agradou esperando nova edição para aqueles que desta vez não tiveram oportunidade de a fazer.

Um agradecimento à Direcção da Residência SJA e à Equipa da Pastoral da Saúde e Animação e Voluntariado pela organização e disponibilidade.

Que S. João de Deus a todos proteja e faça com que outros se agreguem à sua família.

Pensamento do dia...


" Portugal seria um país muito triste, psiquiatricamente, se não existissem as Ordens Hospitaleiras." (Dr. Pacheco Palha, in Revista Hospitalidade)

Campo de férias


O título desta mensagem é convidativo, relacionamos sempre as férias com tempo de descanso, lazer, ócio, noitadas (com os devidos desenvolvimentos...)... Mas não é de ócio e de lazer que te venho falar hoje, mas de algo diferente! Quantas vezes não sentiste que as tuas férias é um prolongar de um tempo sem fazer algo de útil? De dias passados em frente do computador, em actualizações permanentes do facebook, às quais todos comentam e que com o tempo até se tornam aborrecidas? Pois é, penso que todos nós passamos por isto...
Como te disse, os nossos campos de férias certamente não se inserem nesta definição de férias! Para nós, é um tempo de descoberta, de deixar o "eu" solitário e partir para o "eu" solidário... Como não poderia deixar de ser, mais uma vez, o doente ocupa o centro das nossas actividades e o nosso mundo gravita em torno de uma missão - proporcionar alegria, bem estar, companhia a quem sofre! Isso não quer dizer que não tenhamos os nossos momentos de lazer e ócio, de facto, faz parte de um campo de férias hospitaleiro momentos de convívio.
São organizados vários ao longo do ano, nas diversas casas da OH (podes consultar a agenda no site da Juventude Hospitaleira - www.juventudehospitaleira.org). As dinâmicas são várias, mas podes esperar estar integrado num grupo de outros jovens, que contigo partilham valores, solidariedade, compreensão... Requisitos essenciais são abertura, acolhimento e doses de hospitalidade. Terás momento de interacção com doentes, jovens, colaboradores. Destes, sairás mais rico, mais cheio de compreensão, com vontade de voltar. Sairás desse mundo que conheces, onde estás mais à vontade! De seguida encontrarás um testemunho de um jovem que participou nesse campo de férias, deixa-te interpelar por ele e se te sentes com vontade de ser diferente, de dar mais de ti, não temas em tomar parte num campo de férias da OH, não te arrependerás!

"Foi mais um “Telhal”, mais uma actividade da JH, mais nove dias de continuação da obra de S. João de Deus. Começamos a actividade com um jantar no qual foi mediatamente visível que este se iria tornar um grupo unido e dedicado, o que veio a verificar-se. Neste campo utentes transformaram-se em amigos, monitores em companheiros e amigos que se recorda para a vida. Orações, partilhas, risos e brincadeiras foram o suficiente para em poucos dias criar uma grande família hospitaleira. Uma das actividades deste campo foi uma palestra sobre a história da Casa de Saúde do Telhal, uma casa com muita história, vida e passagens. Com 118 anos continua a ser uma casa com um espírito alegre e muito jovem. Uma outra história que conhecemos foi a de S. João de Deus, um homem como uma obra, que todos tentamos, à nossa maneira, continuar e enriquecer. Continuando com o tema histórias, temos a dos doentes, pessoas que foram elas mesmas e respeitadas e que aqui dia-a-dia tentam voltar ao que eram. Com eles me diverti, matei toda a saudade e vivi momentos que vou, durante toda a minha vida, recordar. A parte mais difícil é o fim. O dia da despedida que tanto magoa. Mas com todo o fim vem um novo princípio. Até breve …" (Gustavo)

sábado, 24 de setembro de 2011

Mostrai-me Senhor os vossos caminhos...



Agora que já sabes, embora de uma forma ainda incipiente, o que significa ser irmão de S. João de Deus, gostaria de te falar do caminho de uma vocação, de uma descoberta, a qual um candidato faz e que o ajuda a discernir melhor o chamamento de Deus a esta forma de vida (ser irmão de S. João de Deus).
Quando eu no intímo do meu ser, sinto um chamamento, um sinal de Deus, uma vontade, desejo... no sentido de ser irmão de S. João de Deus, o que devo fazer? Primeiro devemos orar, pedir que Deus nos mostre o caminho, nos dê a força que necessitamos na descoberta da nossa vocação... Lembra-te que Deus tem um plano formulado para ti, te dará as forças necessárias que precisas! Como no salmo, pedimos 'Mostrai-me Senhor os vossos caminhos'.
A caminhada não tem (e não deve) ser feita sem alguém ao nosso lado, para isso, contacta um irmão (de preferência o Ir. Alberto Mendes - responsável pela Pastoral Vocacional), podes usar este blog também para contactar ou tirar dúvidas, ou dirige-te a uma das nossas casas, temos várias no continente, nas ilhas, no Brasil e em Timor Leste (www.isjd.pt).
A primeira etapa do nosso conhecimento, da nossa descoberta, passa pelo acompanhamento do irmão responsável. Não temas, o caminho é sempre feito com outros, lembra-te que não estás só! Neste tempo terás oportunidade de conhecer a Ordem, a Província, a vida dos Irmãos, quem sabe até fazer parte de um campo de férias (onde poderás interagir com os doentes, lembra-te que estes são o centro do nosso ser e existir, 'sem eles não somos nada'). Do irmão responsável podes esperar abertura, sinceridade, acolhimento e, a nossa sempre presente, hospitalidade. Atreve-te, deixa que o Senhor te mostre o caminho...
Nos próximos dias falar-te-ei de outras etapas que se seguem, para que aos poucos conheças a obra, o ser, a missão dos irmãos! Até lá peço-te apenas que penses nos mais desfavorecidos, naqueles que vivem à margem da nossa sociedade. Quando caminhares na rua da tua cidade, olha para os sem abrigo, deficientes, ..., não como 'paisagem' mas como criaturas de Deus. Deixa que S. João de Deus comece a falar dentro de ti, actue, modifique a tua vida...

Uma chamada...uma resposta

A Juventude Hospitaleira esteve nas Jornadas Mundias da Juventude 2011


Foi, de facto, um acontecimento que marcou a vida de muitos jovens (e não só...), refiro-me, como é óbvio, às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que este ano tiveram lugar em Madrid de 16 a 21 de Agosto. Embora a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, em conjunto com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, prepararam um encontro que antecedeu as JMJ, que iniciou a 12 de Agosto tendo culminado com as JMJ. Este encontro internacional de jovens hospitaleiros teve como tema a seguinte frase: “Com Cristo, junto a quem sofre”, e contou com a participação de jovens ( e alguns menos jovens), irmãos e irmãs, de vários países de todos os continentes. Realçamos a presença da Juventude Hospitaleira, pois com cerca de 50 jovens participantes revelou-se o grupo com maior número de elementos (e mais jovem...).

Este encontro foi o culminar de uma série de reuniões de preparação, noites quase sem descansar, encontros que se dividiram entre Portugal e Espanha (já que a equipa organizadora provinha dos dois países), mas o resultado foi um encontro que tocou de forma especial quem nele teve participação. Com a chegada dos vários participantes ao Albergue de S. João de Deus, em Madrid, na que seria a nossa casa mãe durante esses dias, foi-se começando a sentir o ambiente internacional e hospitaleiro que reinou durante o resto dos dias. O encontro internacional de jovens hospitaleiros, tinha uma lema próprio para cada um dos dias, sempre relacionado com a hospitalidade e o encontro do olhar do cuidador com o do sofredor. Foram reflexões, workshops, vigílias, orações, passeios, festas que ajudaram a centrar-nos no essencial, “a reconhecer que fazemos parte da árvore da hospitalidade, que somos raiz dessa árvore” (reflexão do Irmão Superior Geral da Ordem, que esteve junto com os jovens numa dessas reflexões), que junto com Cristo e com aqueles mais desfavorecidos no centro da nossa vida levamos a bom porto a missão da hospitalidade, segundo o carisma deixado pelo nosso fundador S. João de Deus. Foram momentos de encontro, connosco próprios e com Deus, centrando a nossa atenção naquele que sofre, como face e presença de Cristo.

De 16 a 21 de Agosto os participantes no encontro internacional de jovens hospitaleiros juntaram-se aos cerca de 2 milhões de jovens, vindos de todos os cantos do mundo, que tomaram parte nas Jornadas Mundiais da Juventude. As ruas de Madrid encheram-se de um colorido alegre, de um grito que ganhava força dia a dia. Foram várias as actividades em que participamos, de realçar a missa de abertura na Praça Cibeles, a Via Sacra, as diferentes catequeses por idiomas, a vigília nocturna e no final a Eucaristia de envio em Cuatro Vientos. As jornadas tinham como lema uma passagem da carta de S. Paulo – “Enraizados e Edificados em Cristo, Firmes na Fé” , e assim foi, os jovens mostraram que esse lema não ficou perdido algures nas primeiras comunidades cristãs, mas gritaram de pulmões cheios que estamos “Firmes na Fé”, que fomos chamados a uma missão e procuramos responder. A presença de Bento XVI junto dos jovens deu outro alento à nossa caminhada, a sua presença foi motivação e alegria para nós. No seu discurso dizia Bento XVI – “Que nada, nem ninguém, vos tire a paz”, de facto, tantas são as possibilidades, os caminhos, que nos levam para longe de Cristo, numa sociedade marcadamente individualista, o sumo pontífice, exortou-nos a optar por caminhos diferentes, por valores que nos aproximem da mensagem do Evangelho. Durante a eucaristia de envio no domingo, 21 de Agosto, foi anunciado oficialmente o lugar da próxima jornada mundial, será no Rio de Janeiro em 2013, por terras da nossa província... até lá fomos enviados, enviados a exercer a hospitalidade, a ser parte dela, raiz de uma árvore que se quer forte e viva!

Ser Irmão de S. João de Deus...

O título deste blog partilha do conteúdo desta mensagem, Ser Irmão de S. João de Deus... O que é isso perguntará o cibernauta que por acaso, ou não, veio encontrar este blog. Este blog nasceu da vontade de dar a conhecer o que fazem, o que são, o que se propõem ser aqueles que abraçaram a missão da hospitalidade.
A pergunta colocou-se e mantém-se, o que é ser irmão de S. João de Deus?
Irmão de S. João de Deus é um membro da Ordem Hospitaleira, uma ordem católica que nasceu por terras espanholas (Granada), apesar do seu fundador ser português, alentejano e, infelizmente, ainda por muitos desconhecido, falo de S. João de Deus. A Ordem Hospitaleira tem as suas raízes no séc. XVI, quando os primeiros seguidores da obra de S. João de Deus se juntam e com uma missão em comum, a hospitalidade, formam a futura Ordem Hospitaleira. No centro do nosso ser, do nosso carisma, está a pessoa necessitada, aquele que por diversas razões sofre (doença, discriminação, marginalização...). Hoje, mais do que nunca, a nossa missão é actual, o sofrimento está presente em quase todos os lados... O irmão de S. João de Deus, exerce a sua hospitalidade neste contexto, neste mundo de sofrimento, em seguimento do fundador, com raízes bem formadas e com uma missão definida.
Hoje, estamos presentes em todos os continentes, em mais de 50 países, com mais de 400 obras apostólicas. Actuamos essencialmente no campo da saúde (não esquecendo o social). A nossa espiritualidade manifesta-se, em sentido estreito, com a vivência da hospitalidade.Temos uma dimensão missionária (aliás já presente na nossa história, quando durante os descobrimentos os irmãos seguiam como enfermeiros nas embarcações), dimensão esta bastante patente em algumas das províncias (a dimensão missionária encontra-se bem expressa na presença da Província Portuguesa em Timor Leste).
Basicamente, estamos ao serviço do enfermo, de um modo particular do doente mental. Desenvolvemos o nosso carisma em estreita relação com colaboradores, que comungam da nossa espiritualidade e fonte de serviço. Em conjunto fazemos parte da alargada Família Hospitaleira.
Num mundo marcadamente secular, individualista e fechado em si, somos a face da caridade, comungando de um suporte comum que é a Igreja.
Em Portugal formamos a Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira (www.isjd.pt), que em conjunto com a Delegação Provincial do Brasil e a nossa missão de Timor Leste desenvolvem a hospitalidade em diversos campos apostólicos. Num outro post elaborarei mais o tema da província portuguesa. Aqui fica, embora de forma resumida, o que é um irmão de S. João de Deus, muito ficou por dizer, quem sabe até talvez o essencial, no entanto, o que nos propomos fazer é ir elaborando este blog, dando a conhecer a nossa obra, o nosso apostolado, as nossas gentes, o que somos e o que fazemos!
Por hoje deixo-vos com um pensamento de S. João de Deus, embora do séc. XVI, é inegável a sua actualidade: "Tudo perece, só as boas obras permanecem". Com toda a certeza, a Ordem Hospitaleira é uma dessas boas obras.
Bem Hajam!